Compreendendo a Demência e a Doença de Alzheimer
Uma jornada pelos desafios e cuidados essenciais para lidar com estas condições complexas.
O que é Demência?
Demência é uma síndrome neurodegenerativa que apresenta disfunção e atrofia do cérebro, se caracterizando por um declínio geral e gradativo das habilidades mentais de um indivíduo, como na memória, linguagem, cognitivo, comportamento e a capacidade de realizar tarefas cotidianas.
O comprometimento do sistema nervoso central por essa síndrome pode se dar de forma primária, caracterizado pelas doenças de Alzheimer, Parkinson e Huntington, ou de forma secundária, caracterizado por tumores, infecções do sistema nervoso central e hidrocefalia. A demência também pode se desenvolver sem o comprometimento do sistema nervoso central, por meio de intoxicação metabólica, induzidas por hipotireoidismo não tratado, abuso de drogas, insuficiência renal, cardíaca ou hepática.
Alguns fatores de risco são: idade avançada, sexo feminino, histórico familiar e genética. É importante lembrar que apesar de se expressar mais frequentemente em idosos, a demência não é um fator normal decorrente do processo de envelhecer, mas se considera como um fator de risco.
A Doença de Alzheimer
A demência mais conhecida é o Alzheimer, que é caracterizada pela perda progressiva de neurônios e conexões cerebrais. Seu quadro clínico inclue problemas de memória, dificuldade de comunicação e realização de tarefas cotidianas, até a dependência total do paciente. Infelizmente, não há cura para o Alzheimer, mas é possível aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida por meio de tratamento medicamentoso e acompanhamento integral. O Alzheimer apresenta 4 estágios, no qual os sinais e sintomas vão se agravando até a dependência total do portador da doença, com risco de morte

1

Declínio Cognitivo
Dificuldade para lembrar eventos recentes, aprender coisas novas e tomar decisões.

2

Comprometimento Funcional
Dificuldade em realizar tarefas diárias básicas como se vestir, tomar banho e cozinhar.

3

Mudanças Comportamentais
Irritabilidade, agitação, depressão e alterações de personalidade.

4

Terminal
Fase final da doença, onde a pessoa fica restrita ao leito, não fala, sente dor ao engolir e fica sujeito a infecções intercorrentes.
Sintomas Típicos
Dificuldade em lembrar de acontecimentos recentes, repetição de perguntas, problemas de comunicação, mudanças de comportamento e isolamento social
Complicações
Diminuição mental, mudanças de comportamento e emocionais, dificuldades para realizar atividades, problemas de alimentação, risco de quedas e perda de independência e qualidade de vida.
Efeitos Secundários
Infecção, desidratação, feridas por pressão, dificuldades de comunicação (para expressar pensamentos e entender palavras), e perda de capacidade de julgamento e decisão
Diagnóstico da Demência
O diagnóstico das demências como o Alzheimer envolve, inicialmente, investigação clínica e exames neurológicos, preferencialmente com a presença de familiares, pois o paciente pode ter dificuldade em relatar seus próprios sintomas. Após a investigação, é feito uma avaliação neuropsicológica utilizando alguns instrumentos práticos, como a Lista de palavras do CERAD (Consortium to Establish a Registry for Alzheimer´s Disease), MoCA (Montreal Cognitive Assessment), Teste do relógio, além da Escala de Depressão Geriátrica.
Anamnese e Exame Neurológico
Entrevista clínica completa com o paciente e familiares para avaliar o declínio cognitivo e funcional.
Testes Neuropsicológicos
Aplicação de instrumentos como o MoCA e o teste do relógio para medir diferentes habilidades cognitivas.
Exames Complementares
Exames laboratoriais e de imagem, como tomografia e ressonância magnética, para descartar outras causas.
O consenso da Academia Brasileira de Neurologia sugere uma ampla investigação para descartar outras causas. Além dos exames já citados, são necessários exames laboratoriais, como: hemograma, creatinina, hormônio tireoestimulante, albumina, transaminases hepáticas, vitamina B12, reações sorológicas para sífilis, e, para pacientes com menos de 60 anos e quadro sugestivo, testagem para o vírus HIV.
Prevenção e Promoção das Demências - O papel do Enfermeiro
Apesar da demência não ter cura, existem diversas medidas não farmacológicas que podem retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. Essas estratégias incluem desde a estimulação cognitiva até Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - PICS. O enfermeiro possui um papel fundamental na prevenção e promoção da saúde do indivíduo, especialmene na Atenção Básica, orientando e implementando os cuidados em conjunto com a família e a equipe multidisciplinar. Assim, as principais orientações, são:
Estimulação Cognitiva
Exercícios mentais, jogos e leitura para manter a mente ativa.
Atividade Física
Exercícios regulares para manter a saúde física e mental.
Terapias Complementares
Acupuntura, musicoterapia e meditação para reduzir sintomas.
Vida Social Ativa
Manter contato com amigos e familiares para evitar o isolamento.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal, dispõe de Práticas Integrativas e Complementares em saúde em algumas Unidades Básicas de Saúde e no Centro de Referência em Práticas Integrativas em Saúde. Para ter acesso aos locais e saber mais sobre as PICS no DF, cliquei aqui.
Rede de Apoio no DF
A doença de Alzheimer é uma doença que requer um cuidado constante e por isso muitas vezes é necessário contratar um cuidador ou colocar o paciente em uma clínica que ofereça um cuidado especializado e de forma integral. Abaixo é possível localizar alguns centros de cuidados:
Opções de Cuidado Especializado no DF
Esses estabelecimentos contam com equipes multidisciplinares e oferecem desde acompanhamento domiciliar a atendimento clínico e terapêutico especializado.
Infelizmente, atualmente no DF, há uma grande escassez de instituições públicas ou gratuitas que oferecem esse tipo de cuidado. Entretanto, as pessoas com alzheimer tem direito à alguns benefícios oferecidos pelo governo. Conheça seus direitos:
Benefícios Previdenciários
  • O acréscimo de 25% na aposentadoria (Art. 45 da lei 8.213/91 que dispõe sobre “o valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25%)
  • O auxílio por incapacidade temporária (Um benefício pago pelo INSS à pessoa que estiver incapaz de trabalhar, por mais de 15 dias ​consecutivos, em decorrência de doença ou acidente)
  • Essas opções podem ser solicitadas junto ao INSS e ao serviço público de saúde. Para quaisquer eventuais dúvidas, disque "136" Ouvidoria do SUS
Cuidados Paliativos na Demência
À medida que a demência avança, os cuidados paliativos se tornam essenciais para proporcionar maior conforto e qualidade de vida ao paciente e seus familiares. Esses cuidados se adaptam às necessidades específicas de cada fase da doença e incluem:
1
Controle de Sintomas
Monitoramento e alívio da dor (uso da escala de dor), agitação, depressão, ansiedade e distúrbios do sono
2
Suporte Emocional e Psicológico
Ajuda com estresse, ansiedade e depressão para pacientes e familiares..
3
Assistência Social e Apoio Familiar
Programas de apoio e serviços de alívio para prevenir o esgotamento dos cuidadores.
4
Cuidado Espiritual
Conforto e apoio espiritual para pacientes e famílias.
5
Comunicação e Decisões de Cuidados
Discussões claras e empáticas sobre desejos do paciente e diretrizes antecipadas.
6
Equipe Multidisciplinar
Envolvimento de médicos, enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas e capelães.
Esperança e Qualidade de Vida
Embora a demência e o Alzheimer sejam doenças desafiadoras, há sempre motivos para esperança. Com o avanço da ciência e o apoio de uma rede de cuidados especializados, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias, proporcionando-lhes dignidade e conforto. através de:

1

Abordagens Integrativas
Integrar tratamento médico, cuidados não farmacológicos e apoio emocional.

2

Redes de Cuidados
Acesso a serviços especializados e benefícios previdenciários.
Juntos, podemos fazer a diferença na jornada dos pacientes e suas famílias, oferecendo-lhes apoio e suporte para promover conforto e momentos de alegria, mesmo diante das adversidades.
Caso Clínico - B.T.N.
B.T.N, sexo feminino, 94 anos, hipertensa, diabética, mora em valparaíso. Foi diagnosticada com Alzheimer há 5 anos. Antes do diagnóstico a filha percebeu que a mãe estava esquecendo panelas no fogão e algumas vezes deixava a chama do gás ligado, então a filha resolveu leva-la a um neurologista, o qual deu um pré diagnóstico que seria Alzheimer e foi passados alguns exames e uma ressonância porém ela não conseguiu realizar por não conseguir ficar quieta durante o exame. A filha relata que a mãe se negou a tomar medicamento para Alzheimer, pois já fazia uso do medicamento para hipertensão e diabetes. Com o decorrer do tempo B.T.N foi perdendo a coordenação motora e esquecendo como ela se alimentava e como realizava suas AVDs. Hoje, ela se encontra acamada e uma cuidadora é responsável por realizar o cuidado durante o dia. A memória foi afetada, assim ela não consegue mais reconhecer os filhos e netos. A filha relata que ultimamente ela chora muito e diz que está vendo crianças dentro de sua casa o tempo todo. B.T.N , faz uso de losartana,quetiapina, donaren. B.T.N não consegue mais diferenciar o dia e a noite. Hoje, ela precisa de auxílio para sentar,deitar, comer e faz uso de fraldas.
Caso clínico baseado em fatos reais.
Referências Bibliográficas
  • Connor, S. R., & Sepulveda Bermedo, M. C. (Eds.). (2014). Global Atlas of Palliative Care at the End of Life. London: Worldwide Palliative Care Alliance. Acesso em: 03 de Jul. 2024.
  • Mitchell, S. L., et al. (2009). The Clinical Course of Advanced Dementia. New England Journal of Medicine, 361(16), 1529-1538. doi:10.1056/NEJMoa0902234. Acesso em: 03 de Jul. 2024.
  • SOARES, et al. Doença de Alzheimer: O papel das medidas terapêuticas e das práticas complementares na melhora da qualidade de vida do paciente, 2022. Acesso em: 04 de Jul. 2024
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Nossa equipe é composta por Acadêmicos de Enfermagem do 5º Semestre (2024.1) da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília. Nosso objetivo é disseminar o conhecimento acadêmico sobre Demências e Doença de Alzheimer para a população em geral, especialmente a residente no Distrito Federal, acreditamos que a educação em saúde é uma das melhores formas de prevenção, disseminação e combate a essas patologias que afetam a nossa sociedade.

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Disciplina: Cuidado do Adulto e Idoso (ENF0062)
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